terça-feira, 25 de novembro de 2008

A pesca e os pescadores no Brasil

A pesca, praticada pelos índios, é uma atividade anterior à chegada dos navegadores portugueses ao Brasil, e peixes, crustáceos e moluscos eram parte importante de sua dieta alimentar. Os inúmeros sambaquis, depósitos de conchas encontrados em sítios arqueológicos ao longo do litoral atestam a importância da atividade da pesca e coleta.
Jean de Léry, calvinista, estudioso de teologia que em meados do século XVI participou da tentativa colonizadora francesa no Rio de Janeiro, descreve com detalhes a pesca praticada pelos índios Tupimbás. Ao longo do litoral, esses indígenas usavam canoas, pirogas cavadas em tronco de árvore e também piperis (igapebas), jangadas feitas de paus amarrados, ambas embarcações utilizadas na pesca litorânea.
Terminando, direi, ainda, a respeito do modo de pescar dos tupinambás, que além das flechas usam também espinhas à feição de anzóis, presas a linhas feitas de uma planta chamada tucom. Também penetram no mar e nos rios tem jangadas, a que chamam piperis: são feitas de cinco ou seis paus redondos. Quando o tempo está bom e os selvagens pescam separadamente, parecem de longe, tão pequenos se vêem, macacos ou melhor rãs, aquecendo-se ao sol em achas de lenha soltas na água... (Léry 1941:148-149).
Além disso, Jean de Léry surpreendia-se com a facilidade com que os indígenas pescavam com as redes trazidas pelos europeus: “Se porventura os deixávamos manejar as redes, revelavam grande habilidade” (Léry 1941: 149).
Ainda no período colonial, além da pesca indígena de subsistência, organizou-se a pesca da baleia, que se constituía num monopólio da Coroa Portuguesa (Ellis 1969). A concessão dessa pesca era dada a pescadores portugueses e bascos. A mão-de-obra utilizada na captura da baleia era constituída sobretudo por escravos africanos (Langesdorf 1996), muitos dos quais negros libertos, sobretudo a partir do início do século XIX (Silva 1996).
A importância dessa pesca era grande, sobretudo na Bahia, no litoral sul de São Paulo (Ilha do Bom Abrigo) e litoral de Santa Catarina, onde ainda hoje podem ser vistos os vestígios das diversas armações. A pesca da baleia somente terminou nos anos 70 com a desativação da empresa japonesa em Cabedelo (Paraíba), embora todas as armações baleeiras existentes tivessem terminado suas operações no litoral brasileiro em meados do século XIX, como resultado da competição com pescadores norte-americanos.
A atividade pesqueira deu origem a inúmeras culturas litorâneas regionais ligadas à pesca, entre as quais podem ser citadas: a do jangadeiro, em todo o litoral nordestino, do Ceará até o sul da Bahia; a do caiçara, no litoral entre o Rio de Janeiro e São Paulo; e o açoriano, no litoral de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Enquanto esses dois últimos tipos de pescadores estavam também ligados à atividade agrícola, os primeiros dependiam quase inteiramente da pesca costeira.
Nas primeiras décadas do século XX, a atividade pesqueira, antes vinculada à pequena produção assumiu, em algumas regiões, uma escala comercial de grande importância, como é o caso da pesca da sardinha por barcos que usavam uma grande rede de cerco, chamada de traina. Daí o nome de traineiras dado a essas embarcações, que começaram a pescar na Ilha Grande (Rio de Janeiro) e foram introduzidas pelos portugueses e espanhóis, utilizando uma tripulação de 15 a 20 homens. A primeira dessas redes foi introduzida por um pescador espanhol, que a trouxe pronta de seu país, por volta de 1910 (Bernardes 1958, Brito 1960).
Além dessa atividade pesqueira, realizada principalmente no litoral entre São Paulo e Rio de Janeiro, destacou-se também nas primeiras décadas do século XX a pesca realizada pelos descendentes dos pescadores açorianos que tinham chegado em meados do século XVIII para colonizar o extremo sul do Brasil, naquela época sob ameaça espanhola.
A pesca da sardinha, realizada em grande escala, deu origem também às primeiras indústrias de salga e secagem (depois enlatamento) no Rio de Janeiro e Santos, ao passo que as indústrias pesqueiras do Rio Grande do Sul, surgidas nas décadas de 20-30, processavam principalmente a merluza.
Na década de 60, o governo brasileiro decidiu implantar uma indústria pesqueira em base empresarial, através de incentivos fiscais concedidos pela recém-criada Superintendência do Desenvolvimento da Pesca – Sudepe. A maioria dessas empresas foi criada, sobretudo no litoral centro-sul do Brasil, usando trawlers na captura do camarão para a exportação (Diegues 1983). Algumas dessas empresas foram criadas no Ceará, para a captura da lagosta. Nesse processo, surgia também um proletariado ligado à pesca e ao beneficiamento do pescado, em contraposição à pequena pesca artesanal, baseada no modelo de companha própria da pesca ibérica, de onde também se trouxe as “colônias de pescadores”, modelo de organização dos pescadores introduzido por volta de 1922 e semelhante às guildas espanholas.
A pesca industrial/empresarial teve seu auge na década de 70, passando por uma grave crise na década de 80, quando a maioria das indústrias fechou suas portas. Uma das causas principais dessa crise foi a rápida sobrepesca dos bancos de camarão e algumas espécies de peixes, além da recessão econômica que limitou o aporte dos recursos financeiros conseguidos facilmente pelas empresas. Uma parte das empresas pesqueiras do sul acabaram se transferindo para o litoral amazônico, sobretudo entre Pará e Maranhão, onde continuam explorando os bancos de camarão.
Antonio Carlos Diegues.

Este artigo assinala a importância das ciências sociais sociais, particularmente da sociologia, da antropologia, da história e da geografia na análise das comunidades de pescadores ao longo do litoral brasileiro.

Câmara Cascudo: 100 anos de nascimento

Luís da Câmara Cascudo, (Natal, 30 de dezembro de 1898 — Natal, 30 de julho de 1986) foi um historiador, folclorista, antropólogo, advogado e jornalista brasileiro. Passou toda a sua vida em Natal e dedicou-se ao estudo da cultura brasileira. Foi professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O Instituto de Antropologia desta universidade tem seu nome. Pesquisador das manifestações culturais brasileiras. Quase chegou a ser demitido por estudar figuras folclóricas como o lobisomem.
Nasceu na rua das Virgens e o padre João Maria o batizou no Bom Jesus das Dores, Campina da Ribeira, capela sem torre mas o sino tocava as Trindades ao anoitecer. Cresceu olhando o Potengi, o Monte, os mangues da Aldeia Velha onde vivera, menino, como ele, Felipe Camarão. Ele diz: havia corujas de papel no céu da tarde e passarinhos nas árvores adultas (...). Natal de 96 lampeões de querosene. Santos Reis da Limpa em janeiro. Santa Cruz da Bica em maio. Senhora d’Apresentação em novembro. Farinha de castanha e carrossel. Xarias e Canguleiros. (...). Tinha 13 anos quando veio a luz elétrica. Festas no Tirol. Violão de Heronides França. Livros. Cursos. Viagens. Sertão de Pedra e Europa.
Nunca pensei em deixar a minha terra. Queria saber a história de todas as cousas do campo e da cidade. Convivência dos humildes, sábios, analfabetos, sabedores dos segredos do Mar das Estrelas, dos morros silenciosos. Assombrações. Mistérios. Jamais abandonei o caminho que leva ao encantamento do passado. Pesquisas. Indagações. Confidências que hoje não têm preço. Percepção medular da contemporaneidade. Nossa casa hospedou a Família Imperial e Fabião das Queimadas, cantador que fora escravo. (...) Filho único de chefe político, ninguém acreditava no meu desinteresse eleitoral. Impossível para mim dividir conterrâneos em cores, gestos de dedos, quando a terra é uma unidade com sua gente. (...) Dois homens quiseram fixar-me fora de Natal: Getúlio Vargas no Rio de Janeiro e Agamenon Magalhães, no Recife. Jamais os esquecerei porque nada pedira. Alguém deveria ficar estudando o material economicamente inútil. Poder informar dos fatos distantes na hora sugestiva da necessidade. Fiquei com essa missão. Andei e li o possível no espaço e no tempo. Lembro conversas com os velhos que sabiam iluminar a saudade. Não há recanto sem evocar-me um episódio, um acontecimento, o perfume duma velhice. Tudo tem uma história digna de ressurreição e de uma simpatia. Velhas árvores e velhos nomes, imortais na memória. Em 1946 fiz parte de uma comissão enviada pelo Ministério das Relações Exteriores ao Uruguai. Éramos três: Aluísio de Castro, Angione Costa e eu, único sobrevivente. Voltando, contou-me Aluísio de Castro que Afrânio Peixoto (escritor baiano), sabendo da expedição cultural, dissera num leve riso: "E ele deixou o Rio Grande do Norte? Câmara Cascudo é um provinciano incurável!". Encontrara meu título justo, real e legítimo. Provinciano incurável! Nada mais."

BIBLIOGRAFIA DE LUÍS DA CÂMARA CASCUDO
-Alma patrícia. Natal, 1921
-Histórias que o tempo leva… São Paulo, 1924
-Joio. Natal, 1924
-López do Paraguai. Natal, 1927
-O conde d’Eu. São Paulo, 1933
-Viajando o sertão. Natal, 1934
-O mais antigo marco colonial do Brasil. 1934
-Intencionalidade no descobrimento do Brasil. Natal, 1935
-O homem americano e seus temas. Natal, 1935
-Em memória de Stradelli. Manaus, 1936
-Uma interpretação da couvade. São Paulo, 1936
-Conversas sobre a hipoteca. São Paulo, 1936
-Os índios conheciam a propriedade privada. São Paulo, 1936
-O brasão holandês no Rio Grande do Norte. 1936
-Notas para a história do Ateneu. Natal, 1937
-O marquês de Olinda e o seu tempo. São Paulo, 1938
-O doutor Barata. Bahia, 1938
-Peixes no idioma tupi. Rio de Janeiro, 1938
-Vaqueiros e cantadores. Porto Alegre, 1939
-Governo do Rio Grande do Norte. Natal, 1939
-Informação de história e etnografia. Recife, 1940
-O nome potiguar. Natal, 1940
-O povo do Rio Grande do Norte. Natal, 1940
-As lendas de Estremoz. Natal, 1940
-Fanáticos da serra de João do Vale. Natal, 1941
-O presidente parrudo. Natal, 1941
-Seis mitos gaúchos. Porto Alegre, 1942
-Sociedade Brasileira de Folclore. 1942
-Lições etnográficas das Cartas Chilenas. São Paulo, 1943
-Antologia do folclore brasileiro. São Paulo, 1944
-Os melhores contos populares de Portugal. Rio de Janeiro, 1944
-Lendas brasileiras. Rio de Janeiro, 1945
-Contos tradicionais do Brasil. Rio de Janeiro, 1946
-História da cidade do Natal. Natal, 1947
-Geografia dos mitos brasileiros. Rio de Janeiro, 1947
-Simultaneidade de ciclos temáticos afro-brasileiros. Porto, 1948
-Tricentenário de Guararapes. Recife, 1949
-Gorgoncion; estudo sobre amuletos. Madri, 1949
-Consultando São João. Natal, 1949
-Ermet Mell’Acaia e la consulta degli oracoli. Nápoles, 1949
-Os holandeses no Rio Grande do Norte. Natal, 1949
-Geografia do Brasil holandês. Rio de Janeiro, 1949
-O folclore nos autos camponeanos. Natal, 1950
-Custódias com campainhas. Porto, 1951
-Conversa sobre direito internacional público. Natal, 1951
-Os velhos estremezes circenses. Porto, 1951
-Atirei um limão verde. Porto, 1951
-Meleagro; pesquisa sobre a magia branca no Brasil. Rio de Janeiro, 1951
-Anubis e outros ensaios. Rio de Janeiro, 1951
-Com dom Quixote no folclore brasileiro. Rio de Janeiro, 1952
-A mais antiga igreja do Seridó. Natal, 1952
-O fogo de 40. Natal, 1952
-O poldrinho sertanejo e os filhos do vizir do Egito. Natal, 1952
-Tradicion de un cuento brasileño. Caracas, 1952
-Literatura oral. Rio de Janeiro, 1952 (2ª edição 1978, com o título Literatura oral no Brasil)
-História da imperatriz Porcina. Lisboa, 1952
-Em Sergipe del’Rei. Aracaju, 1953
-Cinco livros do povo. Rio de Janeiro, 1953
-A origem da vaquejada do nordeste brasileiro. Porto, 1953
-Álguns jogos infantis no Brasil. Porto, 1953
-Casa dos surdos. Madri, 1953
-Contos de encantamento. 1954
-Contos exemplares. 1954
-No tempo em que os bichos falavam. 1954
-Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro, 1954
-História de um homem. Natal, 1954
-Antologia de Pedro Velho. Natal, 1954
-Comendo formigas. Rio de Janeiro, 1954
-Os velhos caminhos do nordeste. Natal, 1954
-Cinco temas do Heptameron na literatura oral. Porto, 1954
-Pereira da Costa, folclorista. Recife, 1954.
-Lembrando segundo Wanderley. Natal, 1955
-Notas sobre a paróquia de Nova Cruz. Natal, 1955
-Leges et consuetudines nos costumes nordestinos. Havana, 1955
-Paróquias do Rio Grande do Norte. Natal, 1955
-História do Rio Grande do Norte. Rio de Janeiro, 1955
-Notas e documentos para a história de Mossoró. Natal, 1955
-História do município de Santana do Matos. Natal, 1955
-Trinta estórias brasileiras. Porto, 1955
-Função dos arquivos. Recife, 1956
-Vida de Pedro Velho. Natal, 1956
-Comadre e compadre. Porto, 1956
-Tradições populares da pecuária nordestina. Rio de Janeiro, 1956
-Jangada. Rio de Janeiro, 1957
-Jangadeiros. Rio de Janeiro, 1957
-Superstições e costumes. Rio de Janeiro, 1958
-Universidade e civilização. Natal, 1959
-Canto de muro. Rio de Janeiro, 1959
-Rede de dormir. Rio de Janeiro, 1959
-A família do padre Miguelinho. Natal, 1960
-A noiva de arraiolos. Madri, 1960
-Temas do Mireio no folclore de Portugal e Brasil. Lisboa, 1960
-Conceito sociológico do vizinho. Porto, 1960
-Breve notícia do Palácio da Esperança. 1961
-Ateneu Norte-Riograndense. 1961
-Etnografia e direito. Natal, 1961
-Vida breve de Auta de Souza. Recife, 1961
-Grande fabulário de Portugal e Brasil. Lisboa, 1961
-Dante Alighieri e a tradição popular no Brasil. Porto Alegre, 1963
-Cozinha africana no Brasil. Luanda, 1964
-Motivos da literatura oral da França no Brasil. Recife, 1964
-Made in África. Rio de Janeiro, 1965
-Dois ensaios de história; A intencionalidade do descobrimento do Brasil e O mais antigo marco de posse. Natal, 1965
-Nosso amigo Castriciano. Recife, 1965
-História da República no Rio Grande do Norte. 1965
-Prelúdio e fuga. Natal, [1966]
-Voz de Nessus (inicial de um Dicionário brasileiro de superstições). PB, 1966
-A vaquejada nordestina e sua origem. Recife, 1966
-Flor de romances trágicos. Rio de Janeiro, 1966
-Mouros, franceses e judeus; três presenças no Brasil. Rio de Janeiro, 1967
-Jerônimo Rosado; 1861-1930: uma ação brasileira na província. 1967
-Folclore no Brasil. Natal, 1967
-História da alimentação no Brasil; pesquisas e notas. 2 volumes. São Paulo, 1967-1968
-Nomes da terra; história, geografia e toponímia do Rio Grande do Norte. Natal, 1968
-O tempo e eu; confidências e proposições. Natal, 1968
-Prelúdio da cachaça; etnografia, história e sociologia da aguardente do Brasil. Rio de Janeiro, 1968
-Coisas que o povo diz. Rio de Janeiro, 1968
-Gente viva. Recife, 1970
-Locuções tradicionais no Brasil. Recife, 1970
-Sociologia do açúcar; pesquisa e dedução. Rio de Janeiro, 1971
-Tradição, ciência do povo; pesquisa na cultura popular do Brasil. São Paulo, 1971
-Civilização e cultura. Rio de Janeiro, 1971
-Seleta (organização, estudos e notas do professor Américo de Oliveira Costa). Rio de Janeiro, 1973
-História dos nossos gestos; uma pesquisa mímica no Brasil. São Paulo, 1976
-O príncipe Maximiliano no Brasil. Rio de Janeiro, 1977
-Mouros e judeus na tradição popular do Brasil. Recife, 1978
-Superstição no Brasil. Belo Horizonte, 1985
Traduzidas e anotadas:
-Açucena, Lourival. Versos reunidos. 1920
-Montaigne e o índio brasileiro. São Paulo, 1940. Tradução e notas do capítulo ‘Des caniballes’, dos Essais
-Koster, Henri. Viagens ao Brasil. São Paulo, 1942. Tradução e notas
-Harrt, Charles Frederick. Os mitos amazônicos da tartaruga. 1952
-Romero, Sílvio. Contos populares do Brasil. Rio de Janeiro, 1954. Introdução e notas.
-Romero, Sílvio. Cantos populares do Brasil. 2 volumes. Rio de Janeiro, 1954. Edição anotada.
-Whitman, Walt. Três poemas. 1954
-Barbosa, Domingos Caldas. Poesia. 1958
-Nobre, Antônio. Poesia. 1959
-Nordenskold, Erland. Paliçadas e gases asfixiantes entre os indígenas da América do Sul. 1961
-Melo Moraes Filho. Festas e tradições populares do Brasil. Belo Horizonte, 1979. Revisão e notas
-Melo Moraes Filho. Os ciganos e cancioneiro dos ciganos. Belo Horizonte, 1981. Revisão e notas.
Inéditos:
-História da literatura norte-riograndense
-Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte
-História do município do Ceará-Mirim
-História do Rio Grande do Norte para as escolas
-História da carnaúba
-Nomes de ruas e praças da cidade do Natal
-O livro dos patronos
-Brazilian Folk-lore
-J. Poranduba Amazonense, de Barbosa Rodrigues
-Mitologia indígena do Amazonas, de Charles Frederick Hartt

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Segunda visita à São Miguel do Gostoso

Nossa segunda visita à Comunidade de São Miguel do Gostoso aconteceu no dia 03 de Novembro de 2008. Os participantes foram: Marjorie lopes (graduando em ciências sociais), Lilyane (graduada em Antropologia), Maurício Montecino (Pós-graduação), Cláudio rogério(graduando em ciências sociais) e Francisca Miller (Coordenadora).
Os ponto visitados foram: A escola Estadual Olímpia Teixeira, o Posto policial, a Associação de Pescadores e a Colônia de Pescadores.
Algumas fotos foram tiradas durante as visitas.
Antiga casa de taipa. Ainda conserva alguns traços do passado.

Máquina de costura, um dos objetos que se encontra na casa que será um museu.

Pousada Mar de Estrêlas, ponto de apoio da equipe.
Livros e alguns objetos da biblioteca da pousada que é aberta a Comunidade.

Entrada de São Miguel do Gostoso

Frente do Cemitério
Posto policial

Casa de Taipa. Um dos aparelhos muito utilizado na Comunidade é a antena parabólica.

Escola Estadual Olímpia Teixeira
Associação dos pescadores
Chápéu de Palha, local de encontro dos pescadores e local do material da pesca
Colônia dos Pescadores, no momento funciona em uma residência

Marjorie, Lyliani, Francisca e Jorge

Os resultados superou o da ultima visita. Os entrevistados se disponibilizam a cooperar com a pesquisa na melhor maneira possível que possibilita a obter o conteúdo necessário para o projeto.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

50 anos de UFRN - Formando gerações de bons profissionais e personalidades

Com a assinatura da Lei nº 2.307, no dia 25 de junho de 1958, pelo então governador Dinarte Mariz, surgiu a Universidade do Rio Grande do Norte, que simbolicamente inaugurava uma nova realidade na terra potiguar. Por trás do ato oficial, havia a presença dinâmica de autoridades da educação do estado, decididas a empenhar o melhor dos seus esforços e inteligência para criar uma mentalidade verdadeiramente universitária para o estado. À frente, o então diretor da faculdade de Medicina, Onofre Lopes. Implícita estava a idéia de que a instituição deveria ter grande importância no desenvolvimento do Rio Grande do Norte.
Cinco estabelecimentos de ensino fizeram a composição inicial: no prédio da Secretaria Municipal de Finanças, no centro, funcionaram as faculdades de Farmácia e Odontologia;
de Direito, antigo Grupo Escolar Augusto Severo, Prédio onde funcionou, posteriormente, a Faculdade de Direito de Natal no Bairro Ribeira
Prédio da faculdade de Medicina, no bairo Petrópolis
de Filosofia, e a Escola de Serviço Social E nos anos 60 veio a perspectiva da federalização, que ocorreu no final do governo Juscelino Kubitschek. A tenacidade e o compromisso social, como pressupostos para o funcionamento da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, mantêm-se, desde então, como uma continuidade que se renova e expande, num ritmo admirável.

Entrevista do Reitor José Ivonildo do Rego ao Jornal Diário de Natal

A UFRN foi a obra mais importante para o estado do Rio Grande do Norte no século passado, e diante de tudo o que aconteceu, se todos fizerem um exercício de memória vão conseguir se lembrar que a instituição que mais contribuiu para o desenvolvimento do estado foi a UFRN. Isso não significa dizer que nós não temos muitos desafios e é justamente isso que estamos trabalhando.
Nesses 50 anos, a universidade cumpriu de forma impressionante a sua missão de formar e produzir conhecimento. E mais ainda: nesses 50 anos nós estamos trabalhando e planejamento a universidade dos próximos 50 anos. Ela ai experimentar um forte processo de expansão, tanto da formação em graduação e pós-graduação, como na sua atividade de pesquisa, sobretudo nos próximos cinco ano.
É uma grande oportunidade, pelo conjunto de eventos, pelo simbolismo da data de despertar e chamar mais a atenção da população do forte papel que a instituição tem com a sociedade. Além da formação do profissional, temos uma série de iniciativas importantes no desenvolvimento da cultura, das artes e sobretudo no atendimento das populações carentes. Um exemplo é a nossa rede hospitalar, a mais importante do estado; na área de comunicação, nós que iniciamos a tv aberta no estado; temos um conjunto de museus com um papel fundamental para a cultura. Há de fato, um conjunto de interação da universidade com a sociedade, também, através das pesquisas, como as na área de Petróleo e Gás, uma das grandes vocações do RN, na área de carcinicultura, na mineração e, sobretudo, os programas de extensão que levam os universitários às cidades do interior, havendo uma contribuição mútua, tanto na formação do aluno como cidadão como no desenvolvimento das cidades. Atualmente estamos desenvolvendo o plano diretor de várias cidades.
É um privilégio, para quem foi aluno e depois professor, dirigir esta instituição pela terceira vez. Para mim é uma grande alegria. Faço isso com muito prazer e acredito que nesses três mandatos a UFRN mudou muito, passando de uma pequena universidade para uma grande universidade. Passou de 11 mil alunos, em 1995, e hoje tem 30 mil e foi possível fazer este crescimento com qualidade. Mas o grande ganho neste período foi a institucionalização da pesquisa. EM 1995, tínhamos 15 cursos de mestrado e doutorado e hoje estamos com 62. E isso é um bom indicador de sua produção de pesquisa, consolidando a UFRN como uma instituição que produz conhecimento.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Os Índios no Brasil

Estima-se, com base nas fontes históricas disponíveis, que no começo do século XVI a população autóctone que vivia dentro do território onde posteriormente se consolidariam as fronteiras do Brasil chegava a 5 milhões de indivíduos. Ao longo de séculos de contato com a civilização ocidental, aquele contingente indígena inicial sofreu contínuo processo de redução populacional que provavelmente durou até o fim da década de 1950.
A partir de então houve uma recuperação demográfica, facilitada pela demarcação - ainda inconclusa - das terras tradicionalmente ocupadas pelos grupos indígenas, e pela extensão de serviços de assistência prestados pelos órgãos do estado, missões laicas e religiosas. A população indígena do Brasil alcança hoje o número de 325.652, número que tende a crescer diante da continuidade dos mecanismos de proteção de taxas de natalidade superiores à média nacional, são indivíduos que falam cerca de 170 línguas distintas. A classificação lingüística reconhece a existência de dois troncos principais (tupi e macro-jê) e de outras seis famílias lingüísticas de importância significativa (aruak, arawá, karib, maku, tukano e yanomami), além de muitas línguas sem filiação definida. Cerca de 60% da população indígena brasileira vive na região designada como Amazônia Legal, mas registra-se a presença de grupos indígenas em praticamente todas as unidades da Federação. Somente no Rio Grande do Norte, no Piauí e no Distrito Federal não se encontram grupos indígenas.
Existem no Brasil hoje 210 povos indígenas já constatados, em variados graus de contato com segmentos da sociedade brasileira, que vivem em milhares de aldeias de norte a sul do país. Mesmo em contato com segmentos da sociedade brasileira, estes povos continuam mantendo sua identidade e se afirmando enquanto grupos étnicos diferenciados, portadores de tradições próprias. Alguns perderam suas línguas maternas e hoje só falam o português. Outros já incorporaram, em seu cotidiano, bens e produtos industrializados. Mas, há também povos que ainda mantêm-se afastados do convívio com os não-índios. Índio é todo aquele indivíduo que assim se identifica, que é reconhecido pelos membros de sua comunidade como um de seus elementos e que mantém vínculos históricos com populações de origem pré-colombianas.Tais dados, no entanto, não representam números absolutos. O público leigo interessado em conhecer mais a respeito dos "índios" está diante de um abismo cultural e terá que se contentar com uma bibliografia didática rala, quando não preconceituosa ou desinformada. Apesar do interesse da mídia pelos "índios" nos últimos 25 anos, o que se informa e, portanto, o que se "consome" sobre o assunto, são fatos fragmentados, histórias superficiais e imagens genéricas, enormemente empobrecedoras da realidade. A coisa mais comum de se ler ou de se ouvir na imprensa são notícias com o nome das "tribos" trocado, grafado ou pronunciado de maneira aleatória. Não raro um determinado povo indígena é associado a locais onde nunca viveu, ou ainda a imagens que, na verdade, são de outro povo indígena.Embora cada vez mais presentes, ainda são poucos os canais e espaços para a expressão diretamente indígena no cenário cultural e político do país. Via de regra, vivendo em locais de difícil acesso, com tradições basicamente orais de comunicação e na condição de monolíngües, com pouco domínio do português, as diferentes etnias encontram barreiras para se expressar livremente com o mundo dos não-índios. Seus pontos de vista são tomados geralmente fora dos contextos onde vivem, mediados por intérpretes freqüentemente precários, e registrados, finalmente, como fragmentos e em português.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Contexto histórico do índio na sociedade atual.

Resumo: o Índio e sua inclusão histórica na sociedade atual
-
A presença política de índios na história do Brasil ocorre desde tempos passados assim como as relaçôes dos povos indígenas com a sociedade sempre foi desigual. Tratavam como entraves a seu projeto de ocupação territorial e desenvolvimento somadas ao extermínio físico e o ecocídio sistemático que até hoje são aplicadas.
Assim, a invasão européia reduziu os índios de 5.000.000, na época, a uma população atual de 325.000 habitantes, pertencentes a 215 povos diferentes. Contudo a partir do Império e durante a República, foi estabelecido um modo de relacionamento entre Estados e Índios. Os últimos foram reduzidos à condição de menoridade, isto é, passaram a ser tratados quase como crianças sem capacidade de gerir seus problemas.
Com essa política paternalista, fazia-se pouco caso do pensamento indígena, e a compreensão de sua realidade passou a ser transferida para as autoridades, os indigenistas e antropólogos. Assim, o aparecimento atual de índios no cenário público significou vitória para eles, como também avanço conceituais e políticos nas relações interétnicas no país. Tanto a literatura sociológica quanto antropológica têm mostrado que a política indigenista no Brasil, desde o império, sempre foi no sentido de descaracterização da tradição cultural das comunidades índigenas.
No século XX prega-se o respeito aos direitos legais indígenas, a igreja prega o respeito as tradições e outros setores da sociedades estão preocupados com a preservação do patrimônio cultural indígena como parte da memória nacional. É preciso acabar com o tipo de índio pacificado pelas missões e pelos órgãos oficiais. Ele deve continuar o que sempre foi: livre, brioso e senhor do seu destino. O pe. Antônio Iase Júnior diz: "Os índios estão tomando consciência de que podem e devem dialogar com seus opressores".
Na implantação do regime militar de 1964, a questão indígena de que o aborígene não deveria se converter num indesejável " enclave ou quisto étnico", no contexto da integração nacional, objetivo máximo do Estado, a partir daí, passam a experimentar uma nova direção. Em 1967 foi instinto o SPI e criada a FUNAI, que assumiu um caratér materialmente empresarial : "as populações indígenas deveriam, o quanto antes, ser incorporadas à sociedade nacional", então, em 1970, por encomenda do poder executivo, foi preparado o projeto de Estatuto dos índios pelo jurista Themistocles Cavalcanti que pouco entendia de Antropologia e problemas correlatos. Tinha como proposta a preservação das culturas indígenas e a integração das mesmas, enquanto comunidades, à sociedade nacional. Mas o projeto sofreu modificações no congresso Nacional principalmente do então Conselho Indigenista Missionário, representado pelo pe. Vicente Cesár onde declara que o trabalho da Igrja junto às tribos indígenas é de conscientizar para que o índio possa se defender sozinho.
É importante lembrar que, no Brasil, diferente dos países da América do norte, contatos entre colonizadores e povos indígenas nunca foram de liderança para liderança, a não ser no caso único dos Tarairiú do Rio Grande do Norte.
Na ultima parte do século XX, o Estado está pregando o respeito aos direitos legais da comunidade indígenas , enquanto a igreja prega o respeito às tradições culturais, além de que certos setores da sociedade nacional estejam preocupados com a preservação do patrimônio cultural indígenas comoparte da memória nacional.
-
MILLER, Francisca. Apontamento Históricos sobre o Surgimento do Movimento Indígena no Brasil. in "Caderno de história". ed edfurn. vol. 6. 1999.

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