terça-feira, 30 de setembro de 2008

O valor da imaterialidade

Manuel Alves Filho
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Em dezembro de 2002, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão do Ministério da Cultura, tombou o primeiro bem cultural imaterial brasileiro: o Ofício das Paneleiras de Goiabeiras, bairro de Vitória, capital do Espírito Santo. De lá para cá, outras dez festas, lugares, rituais, manifestações artísticas, conhecimentos e modos de fazer foram objeto da mesma iniciativa, cujo intento é preservar o patrimônio cultural intangível do país. Mas o que vem a ser um bem imaterial? Como ele é avaliado? Qual a importância de preservá-lo? As respostas a estas e outras perguntas podem ser encontradas no livro O que é Patrimônio Cultural Imaterial, recentemente lançado pela Editora Brasiliense, como parte da coleção Primeiros Passos. Os autores são os historiadores Pedro Paulo Funari e Sandra Pelegrini, ele docente do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFHC) da Unicamp e ela ex-aluna de pós-doutorado da mesma Universidade.
A idéia do livro, conforme Funari, nasceu a partir da constatação de que seria oportuno lançar uma publicação que ajudasse os leitores a compreender o que é patrimônio cultural imaterial e qual a importância da sua preservação para uma determinada localidade ou país. Esses e outros aspectos são abordados pelos autores por meio de uma linguagem acessível, recheada de explicações e definições. “Não por acaso, o livro faz parte da Coleção Primeiros Passos, visto que pretende servir de porta de entrada para o tema”, afirma o docente da Unicamp. De acordo com ele, o conceito de patrimônio cultural imaterial é relativamente novo. Começou a tomar corpo a partir dos anos 90, principalmente em razão de algumas iniciativas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Antes disso, destaca Funari, a noção de patrimônio cultural estava associada predominantemente aos bens materiais, como as edificações. “A partir do movimento iniciado pela Unesco, houve a percepção de que também seria importante preservar saberes e fazeres como bens culturais da humanidade”, esclarece. Tal postura passou a ser adotada por vários países, inclusive o Brasil, que formulou uma lei nacional de tombamento no ano 2000. “Os processos ainda estão no começo, mas já somamos 11 bens tombados em nível nacional. Tão importante quanto essas ações, é o fato de alguns estados e municípios também estarem encampado a idéia da preservação dos bens culturais intangíveis”, considera o historiador.
O processo de tombamento dos bens imateriais, segundo Funari, guarda algumas diferenças daquele aplicado aos patrimônios “convencionais”. No caso da avaliação dos patrimônios materiais, a tendência dos avaliadores é dar importância ao talento do autor e àquilo que é único, embora essa consideração seja orientada por algum grau de subjetividade. “No caso dos bens intangíveis, o que acontece é exatamente o oposto disso. Uma festa folclórica ou uma procissão é algo repetível e de iniciativa coletiva”, compara. O autor assinala, ainda, que justamente por essas características, os bens imateriais são muito mais difíceis de serem preservados do que um objeto. “No caso de uma festa, por exemplo, quais são os mecanismos que podem colaborar para que ela não morra? No caso do processo de produção do queijo mineiro, o registro do processo é relativamente simples de ser feito. Mas como fazer para assegurar que o alimento continue a ser preparado segundo os métodos adotados no passado? Essas e outras questões ainda estão sendo objeto de discussões. Mas um aspecto é certo: é preciso haver incentivo para que os bens intangíveis sejam de fato preservados”.
E a melhor maneira de se fazer isso, conforme o docente da Unicamp, é ouvir a comunidade e envolvê-la no projeto de preservação. Além disso, também é indispensável o desenvolvimento de ações que considerem as demandas, carências e competências locais. “Em outros termos, não basta caneta para tombar um bem cultural imaterial. É preciso um programa bem fundamentado, que respeite as particularidades. Há bens que podem não ter relevância nacional, mas que são fundamentais para uma dada região ou localidade”, analisa Funari. Quanto ao modelo de tombamento adotado no Brasil, o historiador o considera bem estruturado. Para que uma festa seja tombada, por exemplo, o pedido tem de ser encaminhado por uma entidade que tenha condições de fazer a justificativa. O pleito tem de ser acompanhado por um estudo histórico e pela documentação comprobatória da existência e importância do evento. Por fim, é preciso ter a anuência da comunidade.
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A importância da diversidade cultural
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No livro, os autores também têm a preocupação de esclarecer aos leitores o conceito de cultura e como ela está associada à realidade cotidiana do Brasil. “Quando falamos em bens imateriais, estamos falando em cultura. Trata-se de um assunto muito debatido, mas que passou por transformações ao longo do tempo. Antigamente, acreditava-se que cultura era algo elaborado pela elite e que poderia ser aprendida na escola. Isso ganhou força principalmente a partir do século 19. Também por esta época, tinha-se a cultura como algo dotado de homogeneidade. Entretanto, a partir do século 20, graças à contribuição da Antropologia, esse entendimento mudou. Nas últimas décadas, ficou patente que cultura não é aprendida na escola, embora possa ser em certo sentido. Também cresceu a compreensão de que um de seus grandes valores está na sua diversidade. As pessoas enriquecem ao conhecer o diverso. Nem todos usam as panelas de barro confeccionadas pelas paneleiras de Goiabeiras, mas todos se enriquecem ao conhecer o seu modo de produção e o contexto histórico em que ele foi criado e desenvolvido”, explica Funari.
Outro dado relevante abordado no livro diz respeito à mudança de visão sobre a contribuição cultural dos países onde os bens imateriais estão abrigados. No caso dos bens materiais, observa Funari, a maioria está localizada em nações desenvolvidas da Europa ou nos Estados Unidos. “No caso dos bens intangíveis, ao contrário, predominam os países pobres da Ásia, África e América Latina. Ao todo, a Unesco já tombou 19 bens imateriais. Isso dá bem a noção de que o patrimônio imaterial tem mais a ver com a riqueza cultural do que com a riqueza econômica de uma nação”, detalha o professor do IFCH. Graças a esse novo cenário, tão bem retratado no livro, as pesquisas acadêmicas em torno do tema têm registrado um aumento. Por enquanto, os estudos estão restritos principalmente às disciplinas com maior tradição em lidar com o imaterial, como a Antropologia e o Turismo.

Bens imateriais brasileiros:

Ofício das Paneleiras de Goiabeiras (dezembro de 2002), Arte Kusiwa dos Índios Wajãpi (dezembro de 2002); Samba de roda do Recôncavo Baiano(outubro 2004), Modo de fazer de Viola-de-cocho (janeiro 2005), Ofício das baianas de acarajé (janeiro 2005), Círio de Nossa Senhora de Nazaré (outubro 2005), Jongo no Sudeste (dezembro 2005), Cachoeira de Iauaretê – lugar sagrado dos povos indígenas dos Rios Uaupés e Papuri (outubro 2006), Feira de Caruaru (dezembro 2006), Frevo (dezembro 2006)Tambor de Crioula do Maranhão (junho 2007).
Serviço
Título: O que é Patrimônio Cultural ImaterialAutores: Pedro Paulo Funari e Sandra C. A. Pelegrini Editora: Brasiliense (www.editorabrasiliense.com.br)Páginas: 116Preço sugerido: R$ 16,00.

Guardiões de Fronteira

Fernando de Tacca
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O recente conflito na implantação da reserva indígena Raposa Serra do Sol colocou militares de alta patente como protagonistas de falas contrárias à demarcação de terras contínuas e com críticas à política indigenista atual, principalmente em áreas de fronteiras. Vale lembrar que, se existe política indigenista no Brasil, deve-se à ação inconteste de Cândido Mariano da Silva Rondon. Engenheiro formado pela Escola Militar da Praia Vermelha, de onde também saiu Euclides da Cunha, o Marechal Rondon criou em 1910 o Serviço de Proteção ao Índio e Localização do Trabalhador Nacional (SPILTN), a partir de 1918 chamado de SPI. Este órgão governamental já trazia implícito no seu nome a idéia de integração das populações indígenas ao processo produtivo nacional. A integração dos povos indígenas via ação civilizatória do Estado, pelas ações do SPI, não implicava na perda das identidades e das tradições com a incorporação de valores da nação. A chamada Comissão Rondon, responsável pela ocupação territorial através da expansão do telégrafo utilizou mão-de-obra indígena para abrir suas picadas na mata, e também instrumentalizou índios para ocupar os próprios postos de telégrafos, como foi o caso dos nhambiquaras em Barão de Melgaço
Entretanto, mesmo com a inserção do índio como um trabalhador integrado nas ações civilizatórias de Estado, tais ações se contrapunham às posições religiosas dos missionários, pois permitia a absorção dos valores e símbolos nacionais na construção paradigmática de um índio brasileiro de fronteira em plenitude étnica. Com formação humanística marcada pelo positivismo de Auguste Conte, Rondon implementou uma política de proteção às populações indígenas e propiciou a presença civilizatória do Estado brasileiro em terras longínquas e de difícil acesso na selva amazônica.
Rondon, no comando da Inspetoria de Fronteiras, organizou uma longa expedição rumo ao monte Roraima, nas fronteiras entre Brasil, Venezuela e Guianas. A expedição rumo ao lendário complexo montanhoso foi organizada com mais de 180 índios macuxis, com suas mulheres e filhos da aldeia do Barro, que acompanharam Rondon até a tríplice fronteira. O filme “Viagem ao Monte Roraima” (1927), realizado pelo major Thomaz Reis, mostra as dificuldades que a expedição teve na travessia de rios e montanhas. A cena final do filme, como apoteose e como ocupação simbólica da fronteira, nos apresenta aqueles que poderiam guardá-la, os próprios habitantes do lugar, os índios macuxis, reconhecidos como brasileiros. Rondon aparece segurando a bandeira nacional ladeada pelas bandeiras da Venezuela e das Guianas, em meio um grupo numeroso de índios macuxis, no topo do monte Roraima. E é isso que Rondon anuncia para toda a nação naquele momento: a existência de uma população indígena brasileira naquele distante lugar.
O antropólogo Antonio Carlos de Souza Lima identifica o termo “guarda de fronteira”, que aparece nos textos oficiais do SPI, como um conceito estratégico e como marca simbólica da ocupação das nossas fronteiras por índios brasileiros. As ações do médico e sanitarista Noel Nutels, quando criou o SUSA – Serviço de Unidades Sanitárias Aéreas (1956-1973) – e que proporcionou trabalho de atendimento médico às populações indígenas no Brasil, contaram com a colaboração de nossas Forças Armadas, principalmente da Aeronáutica, pois sem tal logística seriam impossíveis suas ações assistenciais.
A presença indígena na ocupação de nossos limites territoriais como uma proposta estratégica de Rondon ao incorporá-los na idéia de nação tornou-os guardiões simbólicos de nossas fronteiras. Que a memória de Rondon e dos guardiões macuxis de nossa fronteira seja relembrada pelos militares e pela sociedade brasileira, e lhes seja somente dado o que lhes é de direito, a terra; e aos militares somente sua função, a defesa da soberania nacional e incentivadores de suas próprias memórias em mais ações generosas, como as de Rondon e Nutels, e que não as confundam com a autonomia legal indígena em suas reservas.
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Fernando de Tacca é antropólogo e professor livre docente do Instituto de Artes da Unicamp

terça-feira, 23 de setembro de 2008

A crise da Pesca Artesanal no Rio Grande do Norte

Entre 1979-1980 várias comunidades de pesacadores foram visitadas com levantamento preliminar. Em 1983 foi instalado na Praia de Búzio (RN), um laboratório de oceanografia para familiarizar com o processo de cultivo das algas, onde foi ministrado um curso de Antropologia Marinha. Durante o curso, o interesse de vários alunos despestou para problemas do campesinato pescador. Em meados de 1985, a Pró-Reitoria para assuntos de extensão da UFRN convidou os pesquisadores para apresentarem trabalhos na feira de Arte, Ciência e Tecnologia, sob o tema "A questão Nordestina". Os resultados dessas pesquisas apresentadas serão expostas a seguir a partir do trabalho de campo que teve como organizador o Professor Tom O. Miller da UFRN (MCC - PRPPg - PRSEU - CCHLA/DCS) - Natal, 1988. Com estilos próprio, sua equipe expôs seus trabalhos de forma individual.
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A pesca artesanal no Brasil sofre uma verdadeira crise decorrente da mudança de padrões culturais, e que se resolve na elaboração de novo hábitos por parte do grupo e a fase de transição em que, abaladas as tradições antigas, não foram substituídas por tradições novas. No Rio Grande do Norte começamos a nos interessar pelos problemas do pescador artesanal ou pescador camponês.
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Aspectos Ecológicos e Sócio-Econômicos da Pesca Artesanal no Nordeste
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As comunidades dependem da natureza do ambiente a ser explorado, criam tecnólogias adequadas para a exploração com técnicas organizada.
As atividades tradicionais da pesca artesanal incluíam as de captura do peixe adequada ao meio ambiente e aos hábitos diversos de uma variedade de espécie. O conhecimento por parte do mestre da pesca junto a tecnólogia no seu aspecto físico, tem que ser artesanal, pois o pescador não tem capital para investir em apetrechos industrial. Seu conhecimento empírico vem de muitas gerações de dura experiência. Mas estão em fase de extinção com o engajamento de dos velhos mestres na pesca industrial.
O mar é acessível a todos, a recompensa do trabalho é através da partilha do peixe entre os companheiros, diferente do pescador engajado na indústria. O dinheiro entra quando o mestre vende os peixes, frequentemente, a atravessadores.
O pescador artesanal faz parte de uma comunidade tradicional camponesa. Souza Brazil (1973:6) frisa que o "campesinato" é um "conceito genérico como o de sociedade primeitiva ou industrial, cuja definição não estar presa a referência geográficas ou históricas. São populações cujos estilos de vida apresentam similaridades estruturais, econômicas e psíquicas como outras categorias amplas".
O camponês tem um sentido de segurança e solidariedade, derivado da rede de parentesco, o compadrio pode recorrer, através de suas associações leigas, recorrer em caso de emergência.
A invasão de veranistas, turistas, banhistas e outras pessoas, juntamente com a televisão criaram novas "necessidades" que a economia de campesinato pescador, de baixo nível de renda, não póde comportar. O consumo por partes destes que chegam a pertubar a economia pesqueira e diminuem as suas possibilidades de renda naquele setor, faz impulsionar o pescador e a sua família a procurar múltiplas alternativas para suplementar a sua renda. Não alcançando seus objetivos, a tendência é de abandonar a profissão e emigrar para as cidades desqualificando suas habilidades.
Com a industrialização da pesca, vendo o peixe como mercadoria, ocorre a pesca predatória que tem como consequências o rompimento da solidariedade grupal, e a sociedade torna-se atomizada e individualista, até competitiva onde as condições ecológicas e sócio-econômicas antes sópodiam impor um egalitarismo.
Essa situação chegou com a má aplicação do programa de incentivos ficais por parte da SUDEPE(a ajuda é quase toda para a pesca empresarial). A idéia de desenvolver uma uma indústria pesqueira nacional acabou que desestruturando a economia pesqueira já existente, pois, o planejamento e decisões tomadas pela SUDEPE, sem nehum conhecimento adequado da situação local na qual estavam intervindo, deixou ex-pescadores artesanais sem meios de produção para poder voltar à sua antiga atividade econômica.
Em face da evasão dos pescadores, o abandono dos seus lugares e da sua atividade produtiva tradicional, é necessário que se tome medidas que visem uma re-criação de condições suportáveis para uma vida econômica adequada às comunidades de pesca e a conservação ecológica.
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Tom O. Miller, Jr. (1º)
Museu "Câmara Cascudo" e Mestrado em Ciências Sociais pela UFRN
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Implicações na Transformação da Pescador Artesanal em Proletário da Pesca
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Em Pirangi do Sul (RN), o pescador artesanal pescava em seu próprio bote a pano e sua produção era vendida a "marchantes" da comunidade que revendia em Natal. Hoje com as mudanças, esses pescadores independentes não possuem mais seus barcos, pescando, agora, para outros proprietários considerados ricos que contratam os antigos pescadores autônomos para trabalharem para eles sem ter como tomar decisões onde pescar e o que vão pescar ficando dependente do capitalista.
A pesca do peixe foi instinta em Pirangi do Sul porque passaram a pescar somente Lagosta. Segundo os pescadores, dar mais futuro, pois, deixa muito dinheiro, enquanto o peixe pescado em barco a pano é mais barato. A produção é vendida a uma "base de pesca" que é entreposto de um atravessador especializado vinculado a norte-pesca, que compra toda a produção. Resultou que, não existe mais barco a velana comunidade, e sim, barco a óleo, com custo mais alto (manutenção e combustível).
Sem produção de peixe, consequência do seu nicho ecológico, implica na escarssez no mercado consumidor local. As maiores consequências são o encarecimento, sendo importado do sul, e os pescadores quando desejam comer, tem que se dirigir a Natal.
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Daniel Augusto da Silva
Bolsista ( Cnpq)
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" Biscates" como Estratégias de sobrevivência
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As comunidades Camponesas, de pesca artesanal, tradicionalmente, apresentaram uma economia adequada apenas a subsistência, porém de baixa rentabilidade.
O impacto dos padrões urbanos e a invasão de veranistas, descaracterizaram os valores e padrões tradicionais que sustentam a estabilidade da sociedade camponesa, sem no entato, fornecer fontes de renda suficiente para sustentar novos padrões de consumo. As comunidades camponesas criaram atividades econômicas simultâneas, para aumentar suas rendas, como estratégia de sobrevivência. Aurélio Buarque de Holanda chama "trabalho de pouca monta" e "serviços estraordinários, que dá pequenos ganhos" de "biscates". São homens e mulheres com pouca renda que prestam serviços ou vendem gulousemas aos veranistas, dai surge, um novo tipo de camponês: o pescador-biscateiro.
Estas estratégias alivia parcialmente a curto prazo a situação da população de baixa renda. Com a mão de obra barato tende a fortalecer o capital e as redes do poder estabelecido aumentando a dependência destas populações e o controle dos detentores de decisões na sociedade.
Na praia de Pirangi do Sul (RN), com a entrada de veranistas, as mulheres têm mais opções de biscates ou trabalhos temporários eventuais, embora ressintam a presença dos veranistas como interferência na sua comunidade.
A atividade da mulher rendeira é a mais comum, além disso, há uma grande variedade de atividades eventualmente desempenhada como: Lavadeira, costureira, lavradora, doceira, vendedora ambulante, ajuda no bar do esposo, caseira de veranista, artesã, cozinheira e parteira.
O trabalho assalariado é desempenhado por mulheres com profissão de professora, originária da comunidade, mas que não residem mais lá.
A grande maioria dos homens exercem mais de uma profissão. Trabalham na pesca, na agricultura e comercia terrenos e casas de taipa que ele mesmo constrói. Os filhos são lavrador, pescador e pedreiro e qualquer outra coisa que dá alguns trocados.
Como vimos, todos na família trabalham se constituindo numa estratégia de sobrevivência.
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Francisca de souza Miller
(Bolsista do CNPq)
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Maricultura como Alternativa Econômica para os Pescadores Artesanais
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Para promover a permanência do pescador camponês na praia é preciso oferecer uma alternativa como fonte de renda suplementar. Foi sugerido pelos pesquisadores na área de Botânica Marinha Econômica, que já desenvolvem meios artesanais para cultivo de algas agarófitas (a maricultura), que é um produto que tem mostrado mercado altamente estável.
A questão do cultivo de algas no Nordeste não deve ser encarada como problema apenas técnico ou tecnológico, mas antes como um sócio-econômico e até ecológico, do trópico semi-árido. É um problema da adequação da tecnologia já desenvolvida ás necessidades, potencialidades, limitações e normas tradicionais das sociedades humanas, passo fundamental e até pré-requisito para possibilitar a transferência desta tecnologia a uma sociedade camponesa, como a Antropologia aplicada nos ensina: uma sociedade humana não aceita inovações em desacordo com a sua maneira de pensar e viver. E é muito mais fácil adequar a tecnologia do que teimar em mudar o pensamento tradicional do camponês; medida não só desnecessária mais perigosamente contraproducente.
Mas que qualquer outro organismo aquático cultivado atualmente, as algas agarófitas proporciona atrativos em qualquer dos aspectos incidentes sobre as comunidades de campesinato pescador do litoral nordestino, submetidas que são a um empobrecimento progressivo. Para implantar esse sistema precisa apenas permissão da autoridade competente da marinha para a sua utilização, mas, continua a mesma relação entre pescador e a sua fonte de produção, pois o mar é de propriedade pública e não particular: de acesso igual a todos.
Pela sua capacidade de utilização não especializada, possibilita um elevado índice de assimilação de mão-de-obra, a maricultura, ao memso tempo que apresenta o mais baixo custo por emprego gerado.
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Clementino Câmara Neto
Departamento de Oceanografia, Instituto de Biologia Marinha, UFRN
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Sete recomendações como básicas para a sobrevivência do setor pesqueiro artesanal, o que, antes de abalado pelo programa de incentivos fiscais para uma industrialização desequilibrada e inviável, era o mais dinâmico na produção pesqueira no Nordeste:
(1) Incentivar e valorizar a pesca artesanal como única e econômica viável para pesca de peixe comum, e, do peixe como alimento;
(2) Aprimorar a infraestrutura de comercialização do peixe, eliminando a grande cadeia de intermediários entre o produtor e o consumidor;
(3) Extender aos pescadores os benefícios das leis trabalhistas, inclusive INPS, FUNRURAL, e aposentadoria;
(4) Desenvolver meios e programas de re-quipar os pescadores com os apetrechos da pesca, os seus meios de produção, especialmente embarcações de baixo custo de amortização e operação;
(5) Fortalecer a sociedade camponesa como respaldo de segurança individual e coletiva; econômica, social e psicológica, para os seus membros, e como base para desenvolvimento de cooperativas ou de micro-empresas familiares;
(6) Adotar medidas realmente eficazes para evitar a extinção de espécie aquáticas alvos da sobrepesca;
(7) Incentivar fontes de complementação da renda familiar, tal como a formação de cooperativas de cultivo de algas, e de outras.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Seminário destaca fotografia como instrumento para conservação do meio ambiente

O III Seminário de Estudos Antropológicos foi divulgado em alguns sites de notícias. No site da FONTEC (fotografia experimental em comunicação) a matéria foi bem exposta, veja abaixo:
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14 de setembro de 2008
Juliana Bulhões/Fotec
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Imagem e meio ambiente. Este foi o tema do III Seminário de Estudos Antropológicos, promovido entre os dias 8 e 11 de setembro no auditório B do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, uma realização da base de pesquisa Navis - Núcleo de Antropologia Visual.
A terceira edição do Seminário de Estudos Antropológicos contou com dois mini cursos, palestras, exposição de fotografias e mostra de vídeos. Foram oferecidas 60 inscrições iniciais, porém devido à grande procura, os participantes totalizaram-se em 120, que vão desde estudantes de graduação a pesquisadores.

Segundo Francisca Miller, professora coordenadora da base de pesquisa Navis, o seminário “é a continuidade de uma discussão que desde o ano de 2006 debate sobre o uso da fotografia como instrumento de coleta de dados de campo”, disse.
“As populações rurais e ribeirinhas têm conhecimentos que servem pra preservar a natureza, com seus próprios modos de fazer experiências. São práticas tradicionais que precisam ser reconhecidas como conhecimento paralelo ao saber dito ‘científico’”, comentou a professora.
A pesquisadora Miller destacou a presença do Prof. Dr. Fernando de Tacca, especialista em antropologia visual da Unicamp – Universidade Estadual de Campinas, que debateu sobre “Fotografia como instrumento de representação do outro”.
Outro convidado foi o Prof. Dr. Antônio Carlos Diegues, da Usp – Universidade de São Paulo, que ministrou mini curso sobre os aspectos teóricos e práticos da etnoconservação (movimento que projeta usar os conhecimentos tradicionais para a elaboração das políticas públicas relacionadas à conservação da natureza).

Sobre o Navis
O Núcleo de Antropologia Visual da UFRN tem diferentes linhas de pesquisa que trabalham com questões da sociedade e do meio ambiente. É vinculado ao departamento de Antropologia, e desde 1994 trabalha com pesquisas nas áreas de antropologia urbana e visual. Funciona com atividades quinzenais e conta com a participação de 14 pesquisadores, 8 alunos de iniciação científica (graduação, pós-graduação e doutorado) e alguns voluntários.

Galeria de Fotos


Exposição fotográfica

Professora Francisca Miller, uma das coordenadoras da base de pesquisa Navis.

Exposição "Performances rituais - expressões da etnicidade Tapera"

Exposição "Uma etnografia da pesca no Canto do Mangue", de Liliany Fernandes Ferreira


Sala da base de pesquisa NavisLivro de visitas da exposição fotográfica

Livro de visitas da exposição fotográfica

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Sobre Cadernos de Antropologia e Imagem


Clarice Ehlers Peixoto e Patrícia Monte-Mór

Cadernos de Antropologia e Imagem já tem história para contar ou já faz história na antropologia brasileira: brevemente completará dez anos. Criamos essa revista em 1995, para preencher a ausência de bibliografia, em língua portuguesa, sobre o uso do audiovisual na UERJ e nos deparamos com esse vazio bibliográfico. Nossa referência principal era, até então, a publicação organizada por Paul Hockings, Principles of visual anthropology ( A primeira edição data de 1974 e contém artigos apresentados na I Conferência Internacional de Antropologia Visual, realizada em chicago como parte da União Internacional de Ciências Antropológicas e Etnológicas (ICAES) ), que acabara de ser reeditada, tal a popularidade alcançada, "excedendo em muito os outros nove livros da série Wold Anthropology em que foi publicada", como justificou o autor. Essa obra, ainda hoje, é uma referência importante da literatura internacional. No plano nacional, o Caderno de Textos, do Museu do Índio do Rio de Janeiro, organizou, em 1988, um número dedicado á antropologia visual, reunindo os textos apresentados no I Seminário de Antropologia Visual, realizado durante o II Festival Latino-Americano de Cinema dos Povos Índigenas. Esse número aparecia como uma tentativa inovadora de aglutinar autores em torno da novidade da questão. A Mostra Internacional do Filme Etnográfico, iniciada em 1993, no Rio de Janeiro, e o seminário Filme Etnográfico e Antropologia Visual, realizado em seu contexto, são também referências obrigatórias (Ver o catálogo (Rio de Janeiro, CCBB/Interiro Produções, 1993).
Desde então, várias indagações sobre o fazer audiovisual nas pesquisas sociais e sobre as relações entre antropologia e diversos suportes imagéticos nos estimulam a criar um periódico que tratasse da produção de imagens etnográficas no Brasil e nos diversos centros de pesquisas internacionais. Quem são os principais autores da antropologia visual? Como dar conta do interesse crescente das novas gerações pelo uso do vídeo na prática de pesquisa? De que maneira pode-se introduzir o vídeo como instrumento importante do empreendimento etnográfico? O que se conhece dos Nuer, dos balineses, dos Inuit e dos Araweté no universo da fotografia, do cinema e do vídeo? Essas foram algumas das questões que formulamos na apresentação do primeiro número de Cadernos e Antropologia e Imagem, às quais outras foram sendo agregadas: de que modo se controem filmes, vídeos e fotografias como etnografias? Podemos considerar esse produtos audiovisuais como dados de pesquisa? Todas essas questões se firmaram como fio condutor na criação de cada novo número da revista.
Tratava-se de estabelecer uma publicação que filiasse ao esforço de diálogo das ciências sociais com a imagem. Estávamos em plena década de 90, e nossa proposta editorial se inseria num amplo movimento de criação de núcleos e laboratórios, voltados para o uso da imagem, nos departamentos de ciências sociais (e de antropologia) das universidades brasileiras. Cadernos de Antropologia e Imagem nasceu, assim, junto com o Núcleo de Antropologia e Imagem (NAI), cujo objetivo primeiro era fundar, na UERJ, um espaço de formação teórica e prática nesse campo.
Revista temática e semestral, Cadernos procurou, ao longo dessa década, focalizar os múltiplos temas debatidos pelas ciências humanas que são abordados a partir do ponto de vista do registro imagético. Os primeiros números trataram das origens dessa disciplina - dos primeiros contatos da antropologia como cinema e a fotografia - e do uso desse instrumento na pesquisa - na construção e na análise de imagens. Os três primeiros números foram dedicados a autores clássicos desse campo, isto é, a textos considerados fundamentais e ainda sem tradução no Brasil. Eles concretizaram, assim, uma das principais propostas da revista: traduzir e republicar textos clássicos, possibilitando acesso a essa literatura internacional que é pouco conhecida e, certamente, de interesse crescente. Esse foi o nosso objetivo principal, definido em artigo de 1995: "Essa revista é especializada na produção nacional e internacional sobre a relação entre as ciências sociais, particularmente a antropologia, e os estudos de imagem, publicando tanto a literatura considerada já clássica quanto contribuições contemporâneas".
Os primeiros passos para a reflexão sobre esse campo estavam dados, e iniciamos então a produção de números sobre assuntos específicos: cidade, mídia, religião, acervos de imagens, o campo da imagem, cinema brasileiro, o índio brasileiro, a espetacularização da vida social, política, família, trabalho etc. Recentemente, retomamos o debate inicial, publicando um número sobre cinema e outros sobre fotografia, os quasi abordam questões contemporâneas sobre o aso das imagens na análise dos fenômenos sociais.
Publicar essa revista passou a ser uma tarefa árdua e uma grande luta para obtenção de recursos, os quais são sempre muito escassos, mas necessários para a produção de uma revista com boa qualidade gráfica - dado que contém muitas imagens -, para a melhoria das condições de distribuição - ainda precária - e para a maior profissionalização do trabalho editorial no contexto de uma universidade pública. Assim, al longo dessa década, fomos estabelecendo inúmerasparcerias, na UERJ, que permitiram a viabilização da revista, tanto no palno do seu financiamento quanto no de sua produção editorial (Foi somente em 1999 que Cadernos passou a receber o apoio do CNPq e que obtivemos uma relativa autonomia de trabalho. Em 2004, estabelecemos parceria com a editora Contracapa, inaugurando, assim, uma nova etapa na profissionalização da produção editorial e gráfica da revista). Os esforços têm valido a pena, visto que nossa revista passou a ser um canal importante de articulação com autores brasileiros e estrangeiros, não só das Ciências Sociais, mas, igualmente, das Belas Artes, da Comunicação, da História, da Educação, do Cinema e da Fotografia.
Ao longo dos anos, os interesses dessas diferentes áreas, bem como as propostas enviadas para a publicação se diversificaram, o que nos levou a trabalhar intensa e constante com a Comissão Editorial na estruturação da revista. Fomos incentivadas a criar seções: ensaios, entrevistas, resenhas de livros e, mais recente, a seção intitulada Um pesquisador, uma imagem, cujo exercício da linguagem visual nos mostra como a análise de uma única imagem traz informações preciosa para a compreensão de uma determinada realidade social, num contexto histórico específico. Essa percepção já nos era clara quando inauguramos, no primeiro número da revista, a rubrica Resenhas de filmes e vídeos, que se mantém até hoje. Leitura obrigatória nos cursos de diversas disciplinas e na bibliografia daqueles que querem se iniciar no universo da imagem, a revista continua a ser, no cenário nacional, o único periódico científico exclusivamente dedicado ao encontro das ciências humanas com a imagem.

Números publicados
1 - Antropologia e Cinema: Primeiros contatos (1995)
2 - Antropologia e Fotografia (1996)
3 - Contrução e Análise de Imagens (1996)
4 - A Cidade e Imagens (1997)
5 - Antropologia e Mídia (1997)
6 - Imagens Diversas (1998)
7 - Imagem e Religão (1998)
8 - Acervo de Imagens (1999)
9 - Todas as Imagens (1999)
10 - Campo da Imagem (2000)
11 - Cinema Brasileiro: Documentário e Ficção (2000)
12 - A Imagem do Ín dio no Brasil (2001)
13 - A Espetacularização da Vida Social (2001)
14 - Miscelânea Fotográfica 9 2002)
15 - Miscelânea Cinematrográfica (2002)
16 - Imagem e Política (2003)
17 - A Família em Imagens (2003)
18 - Fotografia, Cinema e Internet (2004)
19 - Imagens do Trabalho (2004)


Nota: Clarice E. Peixoto é professora adjunta do Departamento de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais - linha de pesquisa "Imagem, Narrativas e Práticas Culturais" - da Universidade de Estado do Rio de Janeiro. Patrícia Monte-Mór é professora assitente do Departamento de Ciências Sociais e coordenadora do Núcleo de Antropologia e Imagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Projeto de Pesquisa em Comunidades Pesqueiras

O projeto que tem como título: Estudos Etnográficos de algumas Comunidades Pesqueira do Rio Grando do Norte e Visinhanças, vai se realizar, primeiramente, na Comunidade Pesqueira do São Miguel do Gostoso. O litoral do Estado do Rio Grande do Norte é caracterizado pela existência de inúmeras colônias de pescadores, cujas características culturais peculiares oferecem interesse para estudos antropológicos. Tais comunidades podem ser mobilizadas no sentido de term uma participação mais ativa na própria economia da região.
Uma das formas mais indicadas para a arregimentação da força de trabalho e a sua organização em forma lucativa é o cooperativismo, criando comunidades de trabalho que geram um mercado consumidor e hábitos favoráveis ao desenvolvimento sócio-cultural das populações.
Inúmeras colônias de pescadores existentes vêm sofrendo a concorrência de companhias pesqieoras organizadas, em competição desigual, uma vez que além da concorrência total de conhecimento tecnológico, a falta de incentivos para as cooperativas, para as associações, para os filhos dos pescadores, para a compra de embarcações e para o beneficiamento do pescado.
Como a literatura antropológica sobre as adaptações sócio-econômicas e ideacionais das comunidades de pescadores do litoral brasileiro é praticamente inexistente - à exceção de teses de doutourado em Universidades estrangeiras, relatórios mimeografados há dez ou quinze anos e de acesso restrito, contendo principalmente estudos econômicos e tecnológicos - justifica-se um estudo do sistema de valores das comunidades deste projeto, que vise não somente as suas adaptações ecológicas mas, igualmente, o seu sistema de valores e de liderança informal, como meio para superar o seu receio e gerar auto-confiança. Para colocar isso em termos da moderna teoria sistêmica precisamos entender alguma coisa sobre as normas de filtragem que determinam a aceitação ou rejeição de inovações por parte do sistema sociocultural das comunidades de pesca. Há alguns casos de tentativas de transferência de tecnologia por parte de ONGs e órgãos governamentais como a PESCART, ANCAR (estadual), e SUDEPE (federal). Entretanto, nenhum desses informados pelos princípios e da experiência da Antropologia aplicada.
O atual contexto histórico, econômico e político é propício a essas "intervenções". Assim, acreditamos que está na hora de colocar as diretrizes dessa situação em ordem.

Francisca Miller - UFRN.

Conheça melhor o Município de São Miguel do Gostoso, ao norte do Rio Grande do Norte.


São Miguel do Gostoso ~ Fundação do MunicípioSão Miguel do Gostoso (anteriormente conhecido como São Miguel de Touros) foi fundado em 29 de Setembro de 1884.
São Miguel do Gostoso - Criação do Município: a emancipação do município se deu em 16 de julho de 1993, tendo a primeira eleição em 1996. O nome São Miguel de Touros persistiu por algum tempo, o que deixou a população descontente. Após inúmeras reivindicações, o nome foi finalmente mudado para São Miguel do Gostoso no dia 19 de novembro de 2000 após a realização de um plebiscito municipal
São Miguel do Gostoso - Origem do Nome Diz a lenda que um senhor da região, Manoel Gostoso, abrigava os mascates que passavam pelo povoado. A hospedagem sempre gerava amizades e em meio a essa integração, o dono da casa, dotado de um humor inigualável, contava histórias pitorescas. Dono de uma risada gostosa, o referido senhor começou a ser conhecido como Seu Gostoso. Assim, os viajantes começaram a se referir àquele local como Gostoso e o nome começou a ser utilizado pelos moradores do povoado. Segundo uma antiga moradora, no dia 29 Setembro 1899, o Sr. Miguel Félix Martins, primeiro morador do Gostoso, por força de uma promessa feita a São Miguel inaugurou uma igreja e colocou na mesma a imagem de São Miguel. A partir daí, o santo foi aclamado como padroeiro do Gostoso. Até esta data, o nome do povoado e vila de pescadores era simplesmente Gostoso. Com a inauguração da igreja e tendo São Miguel como padroeiro, a população, sem medo de pecar, juntou São Miguel à Gostoso, surgindo então o nome que permanece até hoje.
São Miguel do Gostoso - O Crescimento do Tourismo: São Miguel do Gostoso é um município que agrada a começar pelo nome. Seu potencial turístico é imenso. São várias as praias com características bastante selvagens. Uma outra peculiaridade de Gostoso, que já vem sendo explorado há alguns anos por velejadores locais, nacionais e até mesmo internacionais, é a prática do Windsurf . O local é considerado como um dos melhores da América Latina, e até mesmo do mundo, e tem atraido um número cada vez mais crescente de esportistas. O turismo em São Miguel do Gostoso ainda é bastante incipiente. O município já conta hoje com dez pousadas e vários bares, sendo que a primeira foi inaugurada em 1989. Antigamente o único meio de acesso era através de cavalos, mas a partir de 1960 no governo de Dinarte Marins, foi aberta uma estrada ligando Gostoso a Natal. Com isso as moradias tornaram-se melhores e o acesso de veículos tornou-se possível aumentando assim o fluxo de turistas para o local. O Terminal Turístico do Gostoso, localizado na praia da Xêpa, é uma das peculiaridades do local. Ele é uma opção de lazer tanto para turistas quanto para a comunidade local. Nele pode-se encontrar uma praça e uma loja de artesanato.Vários são os projetos que atuam no município. Um deles é o projeto Pólo Costa das Dunas, que em parceria com o Governo do Estado concluiu o asfaltamento RN-221, que liga a BR-101 a São Miguel do Gostoso, facilitando ainda mais o acesso. Gostoso é um município que tem recebido muitos benefícios do PNMT como também do PRODETUR- II que em parceria com a EMBRATUR foram responsáveis pela implantação do Terminal Turístico de São Miguel do Gostoso..
São Miguel do Gostoso - Informacões Gerais: 345,9 km² (equivalente a 0,65% da superfície estadual), Latitude 05° 07’ 29 / Longitude 35° 38’ 21” / Altitude da Sede: 18m Precipitação Pluviométrica: Média 1.038,3 mm / Período Chuvoso: Março a Junho. Temperatura Média Anual: 26,5°C. Umidade Relativa Média Anual: 68%. População: Aproximadamente 10.000 habitantesEconomia: Agricultura, Comércio e Pesca. Energia: 220v.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Museu da Imagem e do Som.



Sobre o MIS
Com 38 anos de existência, o Museu da Imagem e do Som se reinventa e reabre totalmente renovado e preparado para fazer e expor a arte do século 21.

O novo MIS
Tradição e ruptura sempre fizeram parte da história e da atitude do Museu da Imagem e do Som para sedimentar sua trajetória e desenhar seus objetivos. Desde a fundação, em 29 de maio de 1970, já vinculada à Secretaria de Estado da Cultura, a instituição imantou a cena artística com iniciativas de sucesso como a Mostra do Audiovisual Paulista e o Festival Internacional de Curtas.
Esses e muitos outros fatos culturais fixaram o MIS com nitidez junto ao público, artistas, críticos e produtores culturais como um local atento à exibição, questionamento e debate do que existe de relevante na área. O MIS – e seu Acervo é prova disso -- soube oferecer visibilidade e audiência às boas obras de cinema, vídeo, fotografia e música, sem deixar de atender à documentação e conservação de importantes legados artísticos de imagem e som, assim como de história oral.
Com a emergência das novas mídias tecnológicas e a expansão da arte para práticas híbridas, de experimentação em vários suportes e linguagens, havia necessidade do MIS reinventar-se, sem perder de vista seus objetivos. Isto foi feito. O Museu da Imagem e do Som reabre inteiramente renovado. Pronto para ser o primeiro museu público no País dotado de conceituação institucional, equipe, infra-estrutura e equipamentos de ponta para dialogar com a arte do século 21, sem esquecer a rica história acumulada desde os anos 70.
O novo MIS, que tem suas atividades garantidas por uma parceria público- privada gerenciada pela Organização Social de Cultura Paço das Artes, volta pronto para atuar baseado em quatro áreas, pensadas para agir de forma coordenada e complementar: acervo, LabMIS, programação e site. Leia nesta publicação sobre as características de cada uma delas. Depois, visite e experimente os resultados dessa dinâmica. Você notará que o MIS voltou para integrar e aglutinar os valores destes novos tempos da cultura.
O MIS agora dispõe de uma Gerência de Negócios, preparada para atender aos interessados em propor parcerias, apoios e patrocínios à instituição.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Mini curso I - 10/09/2008 - 3° dia.

Seguindo a programação, no último dia do III Seminário de Estudo Antropológicos, o mini curso com o palestrante Fernando Tacca, deu continuidade a apresentação das imagens referente a fotografia como instrumento de pesquisa.

4ª. aula - A imagética da Comissão Rondon

A pesquisa centrou-se da coleção fotográfica e cinematográfica da chamada Comissão Rondon e dentro de um recorte da construção de uma imagem "oficial" do índio brasileiro como estratégia de ocupação do Oeste e das fronteiras nacionais. Em 1912, Rondon cria a Secção de Cinematographia sob a responsabilidade do então tenente Luiz Thomaz Reis. O major Thomaz Reis, como ficou conhecido mais tarde, viaja para a Europa para comprar equipamentos e começa seus primeiros registros em 1914. Reis será o principal fotográfo e cineasta da Comissão Rondon. A criação de uma seção especializada em documentação em material fotossensível foi uma ação inovadora para os padrões da época, necessitando altos investimentos e apropriação e uma apropriação de uma tecnologia especializada inexistente no páis.

Bibliografia:
Tacca, Fernando de
A imagética da Comissão Rondon - Etnografias Fílmicas Estratégicas, papirus, campinas, 2001.

-"Rituais e festas Bororo. A construção da imagem do índio como "selvagem" na Comissão Rondon", Rev. Antropol. vol. 45 no. 1 São Paulo, 2002.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-77012002000100006







- "O feitiço abstrato", Revista studium 5, in

Ao deparar-nos com essa imagem de autor desconhecido e data não determinada mas presente na coleção de imagens do Museu do Índio - foto em chapa de vidro realizada por volta de 1910, grupo étnico Bororo - referente à Comissão Rondon colocamo-nos no desafio de analisá-la. Essa imagem acompanhou todo o percurso de minha pesquisa de doutoramento, estando exposta constantemente ao olhar indagativo do pesquisador e apareceu como uma síntese de toda a análise, mais do que isso, como a fotografia mais pertubadora de todas. Pode somente uma imagem sintetizar todo o esforço empreendido para tentar compreender o processo de significação das imagens na Comissão Rondon, mais de 1000 fotografias e quatro filmes analisados? Pode uma imagem estabelecer a teia de idéias e as análises da construção de uma imagem do índio realizada durante quase meio século? Se assim o for, de que valerá nosso esforço? Uma imagem-conceito traduziria univocamente uma teia de significações de milhares de imagens?
Todos olham para a câmera. Os olhares são diferenciados, como as posturas das mãos. O olhar nobre e altivo da figura central lembra-nos em particular as costumeiras poses de Rondon para a câmera. Rondon sabia sempre quando a objetiva lhe apontava e assumia a altivez e a envergadura que sua consciência dava a ver para a missão que havia de cumprir. Se seguirmos a lógica das situações encontradas nas relações de Rondon com os chefes indígenas podemos supor que a farda teria sido um presente do grande chefe branco. Suas mãos pousam uma sobre a outra fechando a imagem de quem centraliza e controla uma situação com sapiência e poder.
Ao seu lado, outra figura com diferenças no vestir, talvez roupas comuns dos soldados que eram ofertadas a todos, homens e mulheres sem distinção. A incorporação do chapéu de palha entra no domínio do campesinato, ele traz suas armas, com adornos, como um estandarte para quebrar uma imagem de assimilação passiva e suas mãos seguram com firmeza intencional esse emblema. Seu olhar, mais descompenetrado, introspectivo, atravessa a lente,para além do nosso olhar, além da própria fotografia, como um feiticeiro - e talvez o seja - seu olhar com magia ultrapassa o mero registro técnico para se fixar no campo inalcançável do "feitiço abstrato". Esses dois personagens - ícones da duplicidade de poder? - estão entre os índios sentados no chão e as mulheres atrás, em pé.
No chão, em primeiro plano, os guerreiros com suas armas tradicionais. Dois olhares distintos. À direita, o olhar penetrante, direto para os olhos do leitor, um olhar de desafio agressivo com as mãos firmemente segurando suas armas. O dorso nu descaracteriza o estar vestido, mais do que seminu, vestindo calças, o que ressalta são as luzes de seu corpo, a braçadeira e o adorno labial característicos dos bororos. O ar selvagem descompassa com o enquadramento rígido e a postura aparentemente passiva de alguns. Seu olhar fere, atira e penetra no âmago de nossas histórias hostis, e parece dizer que não será mais assim, ele está pronto para o enfrentamento, e continua naturalmente selvagem. O adorno labial que aparece em três dos personagens reforça a idéia de um lado ainda tribal e de identidade étnica mantida apesar do contato e da aculturação.
O olhar do outro personagem, sentado no chão, ultrapassa também as lentes para localizar-se em um lugar mais profundo além do fotógrafo e do leitor. Suas armas sutilmente amparadas no ombro também estão presentes mas sem a força agressiva de seu companheiro. Transpassadas, com ele se confundem. A composição de roupas com chapéu de feltro e lenço no pescoço demonstra uma incorporação de traços, entretanto filtrados na composição não peculiar desses trajes. A mão segurando o dedo do pé contrasta a única parte exposta pelo vestuário pesado. São os guerreiros da linha de frente protegendo seus chefes em segundo plano e suas mulheres, em terceiro plano. Suas armas são os indicadores dessa postura, guardiãs do ser índio. A cena parece dizer-nos: "estão vestidos, estão armados, são pacificamente selvagens". O chefe tem a dignidade indígena do grande chefe branco e age por semelhança a ele, na roupa e na postura.
No terceiro plano estão as mulheres também em contraste. Enquanto a figura da direita está plenamente vestida em plano frontal, a figura da esquerda em delicada postura corporal de lado com a camisa sensualmente aberta e os seus mamilos contrastados em relação ao fundo da parede em composição com os colares tradicionais, assim, corpo e adornos são elementos intrínsecos de contigüidade cultural. Os olhares também são distintos como nos planos anteriores, um olhar direto e objetivo para a lente enquanto o outro é aparentemente mais disperso. As mãos repousam nos ombros dos personagens sentados à frente como nos tradicionais retratos de famílias. Temos então em cada um dos planos, olhares, vestuário e posturas bem diferenciadas, uma simultaneidade de multiplicidades sígnicas, ou seja, apesar da imagem mostrar que estão pacificados esses personagens transmitem um clima de um estado natural e selvagem.
O terceiro elemento sígnico que trabalhamos na tese aparece na figura do arranjador e enunciador da imagem, como o elemento criador do enquadramento, da iluminação, das posturas corporais, dos planos, em suma, do processo de significação da imagem. O fotógrafo desconhecido, aparentemente invisível, anuncia-se articulando os vários conceitos imagéticos e defini-se como o elemento que conduz a montagem do quadro. Temos aqui a imagem do índio como um corpus manipulável que aceita uma nova ordem, no caso, a ordem da imagem, da fotografia, do retrato, do simulacro. Uma ordem imposta por estereótipos externos. A construção da imagem está fora do campo simbólico indígena e dentro da lógica das imagens técnicas; são prisioneiros da prata metálica e de um olhar exógeno a sua cultura, são prisioneiros de um olhar e de um mundo que os quer ver integrados, e nada melhor neste caso do que a tradicional postura do retrato para compor o imaginário das populações dos grandes centros sobre o longínquo sertão e seus índios. Estamos diante de um grupo que deixou-se vestir, da mulher que aceitou estar com a camisa entreaberta para mostrar os pequenos e belos seios, da mão invisível do fotógrafo que direcionou as mãos femininas por sobre os ombros dos homens, das armas que mostram um índio ainda em estado "primitivo", e da dignidade altiva do chefe bororo fardado como um pactuário do processo de construção da imagem.
Implicitamente por trás da imagem ou explicitamente frente a todos os índios retratados, temos um fotógrafo anônimo, arranjador e enunciador da tríade sígnica: a imagem do índio como selvagem, como pacificado e como integrado/civilizado. Como Rondon faz uso de imagens de vários fotógrafos e de várias situações totalmente diferentes para compor sua imagética sobre o índio brasileiro, o fato dessa foto ser de autor desconhecido e de fazer parte do acervo, entretanto, coloca-a, como em todas as outras imagens, sob um selo ou uma assinatura genérica, a de Cândido Mariano da Silva Rondon, ou melhor dizendo, da Comissão Rondon. O uso genérico de imagens centraliza a coleção da Comissão sob a égide de um nome que assina todo o processo e lhe dá legitimidade institucional. Assim, o conjunto de significações assume um status institucional e a imagem do índio torna-se dessa forma uma imagem oficial que transforma seu objeto ou seu referente, o próprio índio, em uma imagem virtual existente na sociedade como uma metáfora social.

5º Aula

- "The black musicians´ band"

http://www.wcaanet.org/gallery/2

todas as sextas-feiras à noite na rua Luzitania 127, desde 1933, em campinas/SP músicos se reunem para conversar, rir, recordar... . Eles se reúnem através da música religiosamente há setenta anos. Este ensaio fotográfico é construído em torno de dois quadros que reuniu esta construção de identidade do grupo: negritude-musicalidade e corpo-instrumento. Não é nada mais do que um retrato da metonymic extensão entre o corpo e o instrumento, uma relação de paixão.




- "Mulheres Ciganas Entre a exuberância e o mistério - I"
http://www.studium.iar.unicamp.br/nove/4.html

Em meio às praças e ruas de nossas cidades as encontramos, chamando de longe nossa atenção. Vestidos coloridos, largos, esvoaçantes. Lenços nos longos cabelos. Elas nos abordam insistentes para que as deixemos anunciar nossa sorte em troca de muito pouco ou quase nenhum pagamento. Mas basta uma aproximação mais direta de nossa curiosidade e elas se esquivam, se recolhem a seu linguajar próprio, delimitando claramente o território no qual nós, não-ciganos, não temos permissão para incursionar. Sugerem um mistério a ser preservado.
Mas nossa curiosidade é insistente, e fomos em busca de imagens e representações desse universo que, a um só tempo, se exibe e se esconde. Nossos esforços, além da convivência com um grupo de ciganos de Campinas, nos permitiram assistir, fotografando e registrando em vídeo, a algumas cerimônias de casamento de ciganos. Essa festividade nos pareceu uma oportunidade privilegiada para nossas observações, por representar um momento de encontro e de celebração do povo cigano, no qual, suspeitávamos, apreenderíamos, através de nossas fotografias, vídeos e reflexões, alguns dos valores significativos para o grupo que estariam se manifestando de maneira mais concreta e, mais precisamente, visual.




- "PAÑUELOS". Um olhar sobre "Diários Portenhos" http://www.studium.iar.unicamp.br/panuelos/

Depois da vitória dos movimentos populares em dezembro de 2001, na Argentina, eles tornaram-se mais organizados e ocuparam as ruas. A Praça de Maio é o local onde afluem todas as manifestações, uma espécie de ponto de encontro. A Praça de Maio é hoje território livre da manifestação política e ocupada constantemente. Toni Negri, no livro Multidão, dedica uma atenção especial sobre a Argentina, tendo como ponto de partida a revolta de dezembro de 2001. Nela, muitos trabalhadores assumiram as próprias fábricas e os debates políticos criaram uma rede de assembléias populares de bairros. Para Negri, os ativistas de todo o mundo olham para a Argentina como uma fonte de inovação e também de inspiração, e para ele a Argentina é “... um dos laboratórios da sociedade pós-moderna”.

Agradecemos ao palestrante, Fernando Tacca, por sua atuação participante nesse III Seminário de Estudos e aguardamos seu retorno a esta instituição. Receba nossas palmas.

FIM

Por Cláudio Rogério.

Base Navis.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

MINI CURSO I - 09/09/2008 - 2° dia.

A Fotografia como instrumento de trabalho de pesquisa e representação do outro, é o tema do mini curso 1 do III Semiário de Estudo Antropólogicos que teve início no dia 08 de Setembro, com a conferência. A programação do mini curso terá 15 horas com 5 sessões no perído de 9 a 11 de Setembro.
Pretende-se apresentar pesquisas que demosntrem a fotografia como efetiva metodologia de pesquisa em investigações antropologicas, como representação do outro (endógena e exógena) e como produto visual relevante na produção do conhecimento. As aulas serão ministrada a partir de pesquisas pessoais que abordam essas questões e de pesquisas referenciais sobre o tema.
-
2ª. Aula:
-
Na primeira parte foram debatido os seguintes textos:
Brandão, Carlos Rodrigues
"Fotografar, documentar, dizer com imagem", in Cadernos de Antropologia e Imagem no. 18, UERJ, 2004, pp. 27-53.
Guran, Milton
"Fotografar para descobrir; fotografar para contar",in Cadernos de Antropologia e Imagem no. 10, 1995, UERJ, pp. 155-165.


Na segunda parte apresentou pesquisas referenciais e pesquisas recentes, abordagens e metodologias:

- Bateson, Gregory e Mead, Margareth
Balinese character - A photography analysis, Special publications of the New York Academy of Scienses, vol. II, New York, 1942.
Texto complementar: Jacknis, Ira.
"Margaret Mead and Gregory Bateson in Bali: their use of photography and film", Cultura Anthropology, Vol. III, no. 2, 1988.


- Don Doll, S.J.
Crying for a Vision - A rosebud Sioux Trilogy 1886-1976, Morgan & Morgan, NY 1991.

- Santos, Silvio Coelho dos
Os Índios Xoklens - Memória visual, Editora da UFSC/Univali, Florianópolois, 1997.

- Alves, André
"Os Argonautas do Mangue - Uma etnografia", Imprensa Oficial do Estado, 2004, São Paulo.

- Guran, Milton
Agudás - Os "Brasileiros" do Benin. Editora Nova Fronteira / Editora Gama Filho, abril de 2000.

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3ª. Aula:
-
Sapateiro: o retrato da casa
Este trabalho realiza uma leitura sobre um olhar específico, o fotográfo, que o jovem operário e a jovem operária da cidade de franca, São Paulo, fizeram de sua própria casa e, portanto, de um elemento importante de seu contidiano e de seu meio cultural. Câmaras fotográficas simples foram fornecidas a 13 trabalhadores de quatro indústria de calçados desta cidade para que fotografassem o seu cotidiano através de um roteiro previamente estabelecido. Da fotografia operária auto-representativa emergiu um universo visual singular e dificilmente penetrável ao olhar tradicional da antropologia. O deslocamento do olhar, produtor da imagem fotográfica, rompe com a posse de uma única visão fotográfica da realidade. O olhar auto-projetivo sobre sua própria casa deixa revelar a experiência perceptiva do espaço, e é construtor signicamente de modelos e padrões sociais.


Bibliografia:
Tacca, Fernando de
"Sapateiro: o retrato da casa", in http:www.studium.iar.unicamp.br/10/4.html






Por Cláudio Rogério.

Base NAVIS

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Conferência: III Seminário de Estudos Antropológicos - 1° dia.

Foi dado início ontem, dia 08 de Setembro, ás 19 horas, o III Seminário de Estudos Antropológicos. A abertura foi com Fernando Tacca (UNICAMP) que apresentou a Conferência com o tema "Imagens do Sagrado - Entre Paris Match e o Cruzeiro. O auditório comportou bem os presentes e logo depois foi servido um coquetel.
1ª. Aula
- "
O Sagrado em imagens", in Mídia, Cultura, Comunicação (org. Anna M. Balog, Antonio Adami, Juan Droguett, Haydde D. F. Cardoso), Arte & Ciência, São Paulo, 2002.
- "Camdomblé - Imagens do Sagrado", Revista Campos, edição especial da IV Reunión de Antropologia del Mercosul, UFPa, no. 03, ano 2003.



Candomblé - Imagens do Sagrado - Entre o Paris Match e a revista o Cruzeiro.
Fernando de Tacca

Em Setembro de 1951, a revista O Cruzeiro publicou uma reportagem sobre um ritual de iniciação no Candomblé, na Bahia, como seguinte título “As Noivas dos Deuses Sanguinários”, com 42 fotografias de José Medeiros. Seis anos depois, em 1957, amesma editora publicou um livro, chamado de “Candomblé”, com mais 22 fotografias inéditas incluindo algumas escolhida por Medeiros.
A nova forma de publicação colocou as mesmas imagens em outro formato e em outra valorização imagética. A publicação da revista O Cruzeirofoi decorrente de um embate com a revista Paris Match que publicou em maio de 1951 uma reportagem sobre o cineasta Henri George Clouzot pelo Brasil, com exclusividade na Bahia. A reportagem teve consequências para aqueles que deixaram fotografar e a pesquisa resgata a forma da inserção dos jornais no terreiro, a trajetória da mãe de santo e a polêmica instaurada pelo enfrentamento midiático. A partir de uma pesquisa de campo com encontro de memórias vivas de fato, levantamento de material iconográfico, documental e bibliográfico original, essa pesquisa analisa a publicação de documentação fotográfica do ritual de iniciação no camdomblé nos meios de comunicação de massas. Pretendemos nessa comunicação discutir o deslocamento dos significados sociais entre o sensacionalismo e a documentação etnográfica. A partir de um estudo de caso, pretendemos discutir os formatos de apresentação de material etnográfico nos meios de comunicação de massas e suas decorrentes conseqüências com a invasão de um olhar leigo “voyerista” e, muitas vezes preconceituoso, induzido pela mídia em relação às cerimônias e rituais tradicionaisde culturas locais não globalizadas.


Por Cláudio Rogério
Base NAVIS.

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